Maratona Rom Históricos: Babi A. Sette - A Promessa da Rosa



Ficha técnica: A Promessa da Rosa
Autora: Babi A. Sette
Editora Novo Século
Lançamento: junho/2015
432 páginas
POV: terceira pessoa
Gênero: Rom de Época; Chick Lit; Drama

Protagonistas: Arthur George Pierce Harold, 9° Duque de Belmont, e Kathelyn Stanwell
Local/ano: Londres, Inglaterra; Paris, Bordeaux, França. Belgica; Holanda/1840/43/45; 1922

"Século XIX: status, vestidos pomposos, carruagens, bailes… Kathelyn Stanwell, a irresistível filha de um conde, seria a debutante perfeita, exceto pelo fato de que ela detesta a nobreza; é corajosa, idealista e geniosa. Nutre o sonho de ser livre para escolher o próprio destino, dentre eles inclui o de não casar-se cedo. No entanto, em um baile de máscaras, um homem intrigante entra em cena… Arthur Harold é bonito, rico e obstinado.
Supondo, por sua aparência, que ele não pertence ao seu mundo, à impulsiva Kathelyn o convida a entrar no jardim – passeio proibido para jovens damas. Nunca mais se veriam, ela estava segura disso. Entretanto, ele é: o nono duque de Belmont, alguém bem diferente do homem que idealizava, só que, de um instante a outro, o que parecia a aventura de uma noite, se transforma em uma paixão sem limites.
Porém, a traição causada pela inveja e uma sucessão de mal-entendidos dão origem ao ciúme e muitas reviravoltas. Kathelyn será desafiada, não mais pelas regras sociais ou pelo direito de trilhar o próprio caminho, e sim, pela a única coisa capaz de vencer até mesmo a sua força de vontade e enorme teimosia: o seu coração."







Como seu pai queria que ela encontrasse um marido se estava trancada no quarto de castido há quase um mês?
Esta é Kathelyn, ou Kathe, como seus familiares a chamam.
Uma jovem linda, com seus longos cabelos louros, sua voz de anjo, seu espírito voluntarioso e sua cabeça teimosa. Por causa de um simples mal-entendido, culpa do cavalo é óbvio, ela estava presa em seus aposentos depois de ter se apresentado apena em um baile.

Finalmente seu pai concordara em deixá-la sair. Ela iria a um baile de máscaras na casa dos Withmore acompanhada de sua prima Judith (que não é pobre) e o marido desta, o baronete Wulfrik. Isso porque Kathe havia colocado laxante na comida de sua preceptora, srta Elsa Taylor, para poder fazer uma certa coisinha na festa.

Oh, não! Kathe não estava preocupada em correr atrás de algum pretendente. Na verdade ela tinha uma opinião muito firme - e nada agradável - sobre a nobreza e essa mania de fazerem casamentos arranjados. Mesmo sem ter pressa de casar, Kathe acreditava que um casamento deveria ser por amor.
O que ela pensava em fazer era dar uma espiada numa certa coleção de arte grega do anfitrião. Ela era fascinada por história e suas civilizações, a grega no momento, e sabia que Lord Withmore era um ávido colecionador.

Chegando na festa, vestida em azul marinho com fios prateados, como se fosse a própria noite - e isso lhe rendeu o apelido na festa de a misteriosa Dama da Noite - além de sua máscara na mesma cor, após ser cortejada por vários cavalheiros, ela consegue sair de fininho e entrar no escritório particular do anfitrião. Isso após ter usado de truque para destrancar a porta.

E que maravilhosa coleção ele tinha! Mas mal ela começou a admirar toda aquela beleza, ela se viu presa entre os braços do Falcão.

Havia um homem na festa todo vestido de negro, inclusive a máscara, que a observava de longe. Ele tinha os olhos cor de âmbar e mesmo sob toda aquela roupa muito bem talhada, ela podia ver que seu físico era bem desenvolvido. Mas o olhar de predador, assim como o falcão, foi o que mais lhe chamou atenção.
Em nenhum momento enquanto ela estava rodeada pelos seus admiradores ele se aproximou, mas agora ali estava ele perto demais dela, sussurrando em seu ouvido e achando que ela estava ali para roubar as peças de Withmore.
Para tirar-lhe essa má impressão, já que ela não sabia se ELE era quem estava tentando roubar as peças, ela começou a dissertar sobre cada uma delas e tudo o que sabia sobre aquele período histórico.
Aos poucos ele afrouxou o abraço e mostrou-se genuinamente maravilhado ao encontrar uma dama que soubesse tanto sobre aquele assunto. E mais, ela lia grego.
Encantado, ele a fez prometer que lhe daria a honra de uma dança, e ela aquiesceu.
Ao dançarem, Kathe sentiu-se presa, literalmente, nos braços dele. O jeito que ele a segurava, com toda aquela proximidade, era íntimo demais para um casal que mal se conhecia. 
Sentindo-se mal, ela pede para respirar ar fresco do lado de fora. Ele a acompanha e logo se veem sozinhos num dos lados do jardim.
Kathe sempre foi aventureira, e quase como um ímã, ela deixou que eles se unissem num beijo. Mas inocente como era, ela não sabia que um beijo envolvia mais do que apenas encostar os lábios, e ao sentir a língua dele explorando-lhe a boca, ela fugiu.
Este, completamente dominado pelo desejo que lhe assaltou, sem sequer saber quem ela era, jurou que a encontraria e que ela pagaria caro por deixá-lo naquele estado.

Ele era Arthur Harold, 9° duque de Belmont, mesmo que aquela doce feiticeira não desse a mínima para o título dele.
Um homem extremanete rico, ativamente participante no Parlamento (ele era um Liberal), com várias propriedades em Londres, Paris, Espanha e Itália.
Era o filho caçula e muito esperado do duque, depois deste ter tido duas filhas, Jessica e Scarlet. Foi muito mimado e educado desde muito cedo para assumir muito bem sua posição na nobreza.
Ao crescer, acompanhou o sofrimento das duas irmãs no quesito matrimônio. A irmã mais velha, Jessica, foi traída pelo marido de forma descarada até que este acabou morrendo pelos braços do marido da amante. Já Scarlet também foi traída e desta vez foi o pai dela quem o desafiou em um duelo. Neste, ele levou um tiro na perna, apenas como um aviso sobre como deveria tomar cuidado onde enfiar o seu amigo que estava no meio delas. Após se recuperar do tiro, ele simplesmente abandonou a mulher e os filhos.
Por conta de tudo isso, Arthur tinha plena noção de que quando se casasse jamais teria amantes. Mas aos trinta anos ele ainda se encontrava solteiro, com uma amante aqui e acolá; todas regiamente compensadas quando ele decidia terminar o relacionamento. Finalmente ele decidira que estava na hora de encontrar sua duquesa, mas sabia que seria difícil encontrar uma mulher que não dissesse apenas as frase de praxe "sim, senhor; não, senhor", e que não se aborrecesse pela viagens que teriam de fazer, já que Arthur também era um colecionador e sempre ia atrás de peças que lhe chamavam atenção.

E era mais por causa das peças de Lord Withmore que ele estava naquele baile.
Ele as havia ganho num jogo de cartas na noite anterior e estava ali para avaliá-las melhor. Mas acabou encontrando uma dama misteriosa que usava uma forquilha para abrir a porta do escritório.
Com o desenrolar da conversa ele deixou a desconfiança de lado e partiu para o ataque.
Ela era diferente. Não só era muito bonita, mas tinha cérebro, e não tinha medo de usá-lo, fazendo até pouco caso do título que ele carregava.
Depois de deixá-lo em condições precárias no jardim (leia-se: pau duro), ele decidiu que ela seria dele.

Algumas noite à frente, na apresentação da ópera A Flauta Mágica, de Mozart, Arthur acaba tropeçando em Kathe. De novo literalmente. E ela não se aguenta e cai na gargalhada. Mas até então ela não tinha visto o rosto dele porque o teatro estava escuro. Ao perceber estar sendo observada ao longo da apresentação e encontrar os olhos de falcão sobre ela, ela descobriu que o homem do baile e o duque, dono do camarote, eram a mesma pessoa.

Um novo embate e a cada dia Arthur tem certeza que Kathe é a mulher certa para ele, por isso ele não pensa duas vezes ao procurar o pai dela e propor o contrato de casamento. Mas tinha uma condição: Kathe não poderia saber de nada ainda. Ele iria cortejá-la adequadamente e fazê-la querer casar-se com ele, como se ela tivesse uma escolha. E é dado início ao plano.



Os dois eram vistos em todos os lugares juntos, parques, saraus, bailes. Sempre dançavam e os outros cavalheiros acabam se sentindo intimidados com a presença constante do duque e entendendo que Kathe estava fora do páreo.
Quando ela pensa que já havia se passado muito tempo e que Arthur não queria nada sério com ela, ele a surpreende e a pede em casamento. E é dada a largada ao grande dia...

Só que um homem na posição dele é sempre alvo de muitas mulheres. Seu poder, seu prestígio, seu dinheiro e sua beleza.
Kathe, com seu jeito impulsivo, acaba se colocando numa situação que poderia ser interpretada de forma errônea. Muito possessivo com ela, Arthur num primeiro momento não lhe dá a chance de se explicar. E outra mulher, invejando o que Kathe já havia conquistado, coloca a pá de cal final em qualquer possibilidade de reconciliação.

Kathe é deixada na ruína em todos os sentidos, e é aqui que começa a segunda metade do livro, e nos é mostrada a força da personagem...



Gente! Para tudo porque o babado aqui é fortíssimo!!!!

Já deu para perceber que os personagens são de personalidade forte. Dois bicudos que têm opiniões bem arraigadas sobre tudo.
Ao longo da narrativa dá pra ver diálogos bem fundamentados sobre as discussões que eles têm. Uma das cenas muito interessantes é quando Arthur mostra a Kathe sobre o quão fácil é para ela falar mal de uma nobreza da qual ela usufrui de todos os privilégios; como se fosse quase uma hipocrisia ela atacar a mão que a alimenta.

O plano dele de fazê-la pensar que o casamento deles seria de escolha dela é totalmente bem sucedido, mas fatalidades ocorrem e acabam por destruir os planos de todos. Kathe não teve sua chance de se explicar; Arthur, totalmente cego pelo ciúme, tomou uma atitude precipitada. O futuro para ele tornou-se amargo porque ele não conseguia tirar aquela mulher da cabeça, mas acredite, o futuro de Kathe ficou mil vezes pior. Mas é aqui que ela mostra quem realmente era.

Kathe teve de reinventar-se para conseguir sobreviver. A ajuda veio de onde não se espera, de pessoas que não tinham o seu sangue. Ela aproveitou todo o treinamento que tivera para ser uma dama e usou a seu favor. 




Três anos mais tarde ela estava bem, mas ainda solitária.
E foi fora do círculo de Londres, aquele mesmo círculo que a rechaçou, que ela e ele voltam a se encontrar. O Falcão e a Cabra.

E pensa que foi fácil esse reencontro? De jeito algum! Só que dessa vez ela não era mais aquela menina inexperiente. Ela tinha liberdade para fazer o que queria. Tinha o talento de sua voz para mantê-la, além de sua beleza. E dessa vez era hora de Arthur pagar pelo que lhe fizera.

Os dois lados tiveram perdas. E a cada reencontro as faíscas crepitavam para quem quisesse ver. Mas o mais difícil foi quando ela descobriu que eles poderiam ficar juntos... mas não tanto assim.

As idas e vindas foram muitas. Dor, decepção, mentiras.
Você faz a sua história. As pessoas acreditam naquilo que querem ver.

O final é de uma beleza ímpar, que leva às lágrimas.



A capa é bela e condizente com o enredo.
O enredo é intrincado, detalhista. A autora fez um ótimo trabalho de pesquisa quando traz informações sobre o período histórico; como a Londres da época vivia o tempo político e econômico.
O ritmo da história é perfeito. Sem correr, mas com saltos no tempo no momento certo.
Os personagens são fortes. Até mesmo os secundários têm um papel importante à trama.
Nem preciso dizer que o casal principal é mais que envolvente. Kathe, uma jovem/mulher forte; e mesmo depois de ter sofrido as derrotas que sofreu, soube lutar pela sobrevivência. Arthur é um homem com comportamento de seu tempo - para muitas coisas -, mas para outras, ele tinha um faro excelente para antever o progresso.

Ponto positivo: não dá para especificar tudo que gostei. Digamos que foi o geral. A leitura me prendeu de tal forma que virei a noite lendo. E no final estava aos prantos e feliz porque o livro deu o seu recado. Sem cliffhanger.

Ponto negativo: Ixi! Lá vem eu. Elogiei a editora pelo trabalho nos últimos livros nacionais e aí, neste, encontrei erros demais.
* Ausência das vírgulas nos vocativos;
* Palavras faltando letras;
* Falta de conectivos em várias frases.

Sim, as pessoas erram, mas sempre digo que para uma editora grande, com vários pares de olhos para ajudar na revisão, há um limite aceitável para erros, e aqui houve excesso.

Eu comentei na outra resenha que fiz da obra da autora que o jeito de escrita dela era meio Shakespeariano; Que em seu outro livro, contemporâneo, eu tinha a impressão que a qualquer momento Hamlet iria entrar em cena com sua caveira declamando "ser ou não ser". 
Pois neste, a escrita da autora caiu como uma luva para o período histórico. Definitivamente Romance de Época e Babi foram feitos um para o outro. Parabéns!!!

Alguma dúvida que seria 5 ESTRELAS?????

 Leia tambem da autora>> ENTRE O AMOR E O SILÊNCIO

*Gravura: Jon Paul - www.jonpaulstudios.com

Comentários